quinta-feira, julho 30, 2009

Sobre amar e retribuir (?)

Uma senhora, por volta de 80 anos, estava na minha frente entre os "clientes de encaixe"do clínico geral/cardiologista hoje. Ela estava acompanhada da neta: entre 18 e 20 anos, com óculos sou-nerd e aquele visual casual natural do carioca Zona Sul. Poderia tudo aquilo ser uma obrigação, mas a garota parecia estar de alguma maneira bem por ter a responsabilidade de levar a sua avó já tão decrépita ao médico. A senhora, ao ser chamada, foi prontamente ajudada pela neta,e toda essa cena remeteu um passado muito feliz.
Lembrei da minha avó e de todos os cuidados que a "minha velha" teve um dia comigo. Lembro do pé-de-goiaba no quintal da sua casa em Cristalândia, uma cidade esquecida pelo mundo no interior do Tocantins. Lembro de toda a felicidade naquele pé e dos seus gritos dias e dias para eu "descer daquele pé logo, que está tarde!". As formigas que percorriam os galhos eram grandes e davam medo, e eu confesso que era muito medrosa... nunca passei do galho principal da árvore, o mais grosso e forte. E ela achava tudo aquilo ótimo, como se fosse uma grande realização eu conseguir subir naquela árvore dentre tantas outras no seu quintal.
Os outros podem achar que não, mas para mim realmente era um desafio subir ali. 7 anos e eu nem sabia andar de bicicleta de medo! MEDO DE CAIR! E em dois meses ela simplesmente conseguiu tirar essa medo, me incentivou a pedalar e a... subir no pé de goiaba! Era uma realização sua neta mais "frágil" ali em cima, como uma moleca, aproveitando o dia quente fora do quarto e da televisão.

Ao ver aquela senhora tão frágil eu lembrei da minha forte avó, e todos os laços que temos, não por sermos da mesma família, mas por nos amarmos. Entendi aquela cena como uma retribuição a tantos momentos bons que aquela senhora teria dado a sua neta (e que ainda dá!) quando mais nova, fosse nos doces, nos presentes, ou em momentos felizes, simples assim. A gente faz isso naturalmente por quem ama, sem dor e sofrimento.
Atualmnte estou longe e mal consigo ligar para a"minha velha", pois não consigo balbuciar mais que alguns palavras sem cair no choro. Ela ri do outro lado da linha, com toda aquela experiência de quem já viveu oito décadas e esclarece tudo de uma maneira muito simples. Diz com aquela linguagem simples que a vida é assim mesmo, e temos que ser fortes para viver, as vezes longe de quem a gente ama, mas isso é necessário e vai ser bom pra gente. Pensando bem, acho que apesar de tudo, ela ainda parece mais cuidar de mim que o contrário.

quarta-feira, julho 29, 2009

Saudade é necessário

"Eu sou então um sujeito perseguido pela saudade. Sempre fui, e não sabia como me desligar da saudade e viver tranquilamente.
Ainda não aprendi. E desconfio que não aprenderei nunca. Pelo menos já sei de algo valioso: é impossível me desligar da saudade porque é impossivel me desligar da memória. E impossível se desligar daquilo que se amou.
É totalmente humano, então, ser um ser nostalgico, e a única solução é aprender a conviver com a saudade. Talvez, para a nossa sorte, a saudade possa transformar-se, de algo depressivo e triste, numa pequena chispa que nos dispare para o novo, para entregar-nos a outro amor, a outra cidade, a outro tempo, que talvez seja melhor ou pior, não importa, mas que será diferente. E isso é o que todos procuramos todo dia: não despediçar em solidao a nossa vida, encontrar alguém, nos entregar um pouco, evitar rotina, desfrutar de nossa fatia da festa."

Pedro Juan Gutierrez

Tive que copiar isso para não esquecer exatamente o tipo de sentimento que vivo há alguns meses. Copiei de alguém após chorar um pouco, e a pessoa que copiou disse que chorou novamente ao ler. Sinceramente as vezes cansa essa chorar, mas prefiro entender que isso é uma amostra de que ainda há muito sentimento e paixão dentro deste corpo, e que sentir isso é também uma forma de mostrar que ainda estou viva. Isso sim, me conforta muito.

=)

quinta-feira, julho 16, 2009

crise de idade. todos temos - sim, todos nós, eu tenho certeza disso!
o que aflige é o fato de termos que escolher o tempo inteiro, e parece que agora, aos 20 e poucos, qualquer escolha vai trazer consequências para os próximos MUITOS anos: mudar de cidade ou continuar por aqui? sair da casa dos pais ou ter seu próprio espaço? trabalhar muito, ganhar dinheiro, estudar mais.... ou tudo ao mesmo tempo agora. assistir tv ao chegar em casa ou cair em cima dos livros da pós?

tantas oportunidades fizeram um bloqueio, e é tudo pior: não decido quase nada, evito o definitivo, o fazer agora, o resolver agora... permaneço no confortável "agora" e talvez eu sofra consequências disso por muito anos. é estar distante, disperça, sem crença, sem fé, no automático.

luto contra a auto sabotagem

(preciso escrever mais, perdi a prática)